terça-feira, 24 de abril de 2012

Sacolinhas de Supermercado

Recentemente nós testemunhamos o fim da ditribuição das sacolinhas plásticas nos supermercados em São Paulo. Desde o primeiro momento, eu tive pensamentos controversos sobre esta nova política, pois se por um lado sou viciado em trocar o lixo, e convenhamos que as sacolinhas de supermercado são fantásticas para essa função, por outro, de fato, a quantidade de plástico que se descarta por família por mês é enorme. Vamos então tentar esmiuçar um pouco a situação. Quais são os interesses em questão? Os supermercados de fato tiveram um momento de epifania e decidiram ser "verdes" do nada? Sabemos que isto não funciona exatamente desta forma no nosso querido mundo capitalista. Homens de negócio não dão ponto sem nó. Obviamente foi visada uma redução nos gastos operacionais dos supermercados, mesmo considerando que de fato tenha havido uma motivação altruísta por trás desta parada. Outras duas questões surgem: 1) De quem é a responsabilidade de arcar com o custo do acondicionamento das compras - supermercado ou cliente? 2) O quão "verde" é de fato esta iniciativa?
Pensando sobre a primeira questão: Criou-se uma cultura de que o estabelecimento de comércio é responsável por prover uma forma de acondicionamento das compras, sem custo para o cliente. Isto é (era) verdade não apenas para os supermercados, mas também para outros tipos de comércio: padarias, lojas de roupa, farmácias, livrarias, etc.Então de certa forma, podemos atribuir esta responsabilidade para o estabelecimento comercial. Obviamente, no final das contas, quem paga é o próprio consumidor, pois todos os custos operacionais devem estar embutidos nos preços dos produtos para garantir uma margem de lucro que garanta a sobrevivência do comércio. Desta forma, concluímos que quem pagava pelas sacolas plásticas nos supermercados eram os próprios clientes, e que com o fim do provimento das mesmas, teoricamente deveria haver uma redução nos preços dos produtos. Deconheço que tenha acontecido um movimento neste sentido.
Sobre o segundo ponto: Não quero fazer aqui um tratado sobre ecologia, então vou me limitar à experiência na minha própria casa, e acreditar que esta pode ser extrapolada para outras. Na prática: eu uso menos sacolas plásticas agora que os supermercados não as fornecem mais? Resposta: Não. Não tenho menos lixo hoje do que eu tinha antes. ou seja, o plástico tem que vir de algum lugar, seja de sacolinhas de outros estabelecimentos comerciais, ou mesmo compradas com esta finalidade. Então, na prática, o mundo não está mais limpo com esta atitude dos supermercados - ao menos não no meu universo. Pensando bem, a única atitude que prometia fazer o mundo um lugar mais "limpo" era a subsituição das sacolas de plástico comum por sacolas de plástico biodegradável, e esta iniciativa foi por água abaixo rapidamente, pois, segundo os supermercados, os clientes não estavam dispostos a pagar pelas sacolinhas a que um dia eles tiveram direito. Assim, não ficamos nem de um lado nem de outro: nem temos mais o benefício do acondicionamento das nossas compras, sob o custo de um mundo um pouco mais poluído, nem temos um mundo um pouco mais limpo com sacolas biodegradáveis, sob o custo financeiro na boca do caixa - assim como acontece na Europa.
Desta forma, quem quiser fazer sua parte do ponto de vista ecológico, que busque comprar sacolas biodegradáveis para acondicionar seu lixo (se alguém conhecer uma marca, me avise). Sob o nosso próprio custo, é claro...