domingo, 27 de dezembro de 2009

Evangelho

(Paulo César Pinheiro - Dori Caymmi)

Êta mundo que a nada se destina
Se maior se faz, mais se arruína
Se mais quer servir, mais nos domina
Se mais vidas dá, são mais os danos
Se mais deuses há, mais são profanos
Estes pobres de nós seres humanos

Êta vida, essa vida de infelizes
Quanto mais coração, mais cicatrizes
Do amor é que a dor cria raízes
De dentro do bem é que o mal trama
Da felicidade cresce o drama
Dessas tristes de nós vidas humanas

Êta tempo que em pouco nos devora
O pavio da vela apagará
Quanto mais se partir tempos afora
Mais nos tempos de agora se estará
E mais tarde quando o tempo melhora
A nossa mocidade onde andará?

Êta morte que acaba tempo e vida
O mundo não conseguiu saída
É o fim mas pode ser o começo
E quem tenta fugir faz sempre o avesso
Que quanto mais vidas se cultiva
Mais a morte alimenta a roda viva

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Nordeste: Despedida

A última parada de nossa viagem de férias foi em João Pessoa, capital da Paraíba. A Silvia já tinha passado um dia por lá antes de descer para Maceió e me encontrar. Ela já havia esfriado minhas expectativas, pois não tinha tido nenhuma impressão extraordinária da cidade. Por esse motivo prolongamos um pouco nossa estada em Pernambuco, onde acabamos ficando pouco mais de metade da nossa viagem, reservando apenas um dia e meio para João Pessoa.

Eu já estive em muitos lugares fantásticos em minhas peregrinações pelo mundo, incluindo locais de natureza espetacular como a Patagônia e cidades belíssimas como Praga. Mas não me lembro de ter ficado tão embevecido como fiquei ao entrar na Igreja de São Francisco, no centro histórico de João Pessoa. A vida nos reserva alguns momentos mágicos, às vezes, nos permitindo estar no local certo, na hora certa. Havia um conjunto de fatores que conspiraram para isso acontecer naquele dia: Uma igreja do século XVI, uma exposição de arte, um céu azul e um ensaio musical. A igreja é parte de um pequeno conjunto de construções, que compreendem um dos mais importantes complexos barrocos do País (segundo tio Google). O convento que deu origem ao complexo começou a ser construído no final do século XVI por frades franciscanos, e a igreja propriamente dita só foi concluída em 1770. O acesso ao Conjunto Franciscano se dá através do centro histórico da cidade, que não tem nada de especial por si só, e a julgar pela fachada da igreja tive a impressão de que a mesma era pequenina e mal conservada. Mas se por sua vista frontal, delimitada por duas muralhas laterais que encerram o adro, acredita-se que a mesma está encravada bem no meio do complexo urbano da cidade antiga, uma vez dentro dela, ao se mirar através de qualquer uma de suas bonitas janelas coloniais, descobre-se que seus muros na realidade escondem uma arrebatadora paisagem bucólica, de campos e rios, que termina num horizonte isento de construções. Desta forma, a igreja é praticamente um forte que se debruça sobre um imenso vale, e sua imponência justifica a influência que a Igreja enquanto instituição sempre exerceu sobre o imaginário popular, pois diante de tamanha grandeza o homem não tem outra opção se não sentir-se pequeno. Existe algo de divino na riqueza dos detalhes do rococó, no posicionamento da igreja sobre o vale e no ambiente sagrado de seus interiores, que demanda reverência.

No entanto, esta não foi minha primeira constatação. Assim que entramos pela porta principal, ouvi um som de música vindo através das paredes e comentei com a Silvia que tinha algum rádio tocando lá dentro, e que certamente aquilo não era ao vivo. Bobagem. Entrei na nave principal e, boquiaberto, me deparei com um grupo ensaiando algumas músicas para uma apresentação. Tratava-se de coisa erudita, música italiana e espanhola, com um grupo de jovens se revezando no canto. Primeiro imaginei que era algum grupo de outro país, mas aí ouvi algumas conversas em português. Perguntei quem eram a um garoto que tirava fotos, e ele me contou que eram alunos ensaiando uma apresentação que valia como nota em uma disciplina de música de câmara da Universidade Federal da Paraíba. Duas cantoras e três cantores. Ponto para a Paraíba! É tão bom ver que as coisas acontecem fora de São Paulo. E lembrar que o talento não escolhe cidade pra nascer.

A música erudita tem um poder que carece na coisa popular. A busca pela técnica perfeita, o esmero com que se trata cada nota, o trabalho de ourives dos compositores são uma apologia à beleza. Eu fui chamado para a música popular por motivos diversos, e não me arrependo dessa escolha, mas precisamos ficar sempre atentos aos ensinamentos que a música erudita traz. Eu acho que o problema de se estudar a música erudita da forma que ela é ensinada atualmente, é que separou-se a performance, ou seja, o estudo da técnica e da interpretação, da compreensão da harmonia. Assim, podemos encontrar grandes instrumentistas que ignoram o significado das notas e dos acordes que tocam em um contexto harmônico. Desta forma, não se desenvolve sua criatividade em termos de arranjos e composição. Ele pode ser criativo nas nuances da interpretação de uma peça, mas é quase um crime negar a essa pessoa uma compreensão mais profunda da peça harmonicamente, o que poderia lhe ajudar a criar suas próprias ideias musicais.

Havia também algumas exposições ótimas na igreja. Coisa contemporânea e coisa mais antiga, mas tudo brasileiro e preferencialmente de artistas locais. Bonecos de barro, quadros e esculturas bem modernas. Não bastasse tudo isso, o tempo, que estava chuvoso ao chegarmos, misteriosamente azulou em menos de hora e abençoou nossa visita ao complexo franciscano.

Estou postando este texto vários dias depois de ter retornado de viagem, mas a impressão que ficou para mim foi a mesma. Deixo uma foto da igreja como recordação.



segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Nordeste

Tirar férias é sempre bom. Eu gosto de escolher lugares desconhecidos para visitar. Desta vez vim para o Nordeste, pois tinha uma dívida moral com este lado do país aonde vim várias vezes a trabalho, mas nunca de fato para conhecê-lo. Vim com minha amiga Silvia, uma das raras companhias que eu toparia compartilhar por duas semanas seguidas. A viagem está saindo conforme planejado, quer dizer, conforme não planejado. A única certeza é que alugaríamos um carro em Maceió no dia 15 de Novembro, e o devolveríamos em João Pessoa no dia 31 de Novembro. Neste momento estamos na Ilha de Itamaracá, um paraíso ao norte de Recife, ainda no estado de Pernambuco. Não pretendo fazer aqui um diário, mas capturar algumas ideias que estão acontecendo pela viagem. Afinal de contas, como eu discuti com a Silvia num dia desses, as férias são sempre vírgulas em nossas vidas, e nos fazem refletir sobre coisas como, por exemplo, por que mesmo que a gente tem que trabalhar, e o que a gente quer da nossa vida de agora em diante. Férias no Nordeste são especiais por colocar em xeque o estilo de vida utilitarista paulista.

A viagem começou por Alagoas, que tem algumas das praias mais bonitas que já vi. Cruzamos a costa desde o extremo sul do estado, na foz do Rio São Francisco, até a fronteira com Pernambuco, onde está Maragogi, outra cidade paradisíaca e aparentemente ignorada pelo turismo. Alagoas é um estado essencialmente pobre. As cidades se espalham pelo litoral em função do mar. Enquanto as cidades alagoanas do litoral parecem vilas praieiras, as cidades pernambucanas exibem um desenvolvimento urbano e cultural muito superior, provando ter recebido investimentos financeiros e intelectuais bem maiores.

A primeira parada após sairmos de Maceió foi o Pontal do Peba, um pequeno vilarejo à beira do mar e cuja paisagem me inspirou alguns versos:

Sentados na praia do Peba,
a praia é nossa.
À nossa frente o mar avança,
e acima avançam nuvens.
Ao nosso lado, urubus flutuam
sobre coqueiros.
São sentinelas, mas não sabemos o que guardam.
Estão aqui antes de nós.
A praia é deles.

Passamos uma semana em Recife, que desmontou nossa ideia de que São Paulo é a vanguarda da moda, da arte e da gastronomia brasileira. Ainda tenho a certeza de que São Paulo é o local com a maior diversidade de opções, porém ficamos encantados com a qualidade das obras de artesanato locais e com o bom gosto dos cardápios de restaurantes da região. Recife é uma cidade carregada de cultura e identidade própria. Grandes artistas vieram de lá: Capiba, Lenine, Chico Science. A música que se faz lá é muito viva e original: o frevo, o forró, o maracatu. Grande parte dos trabalhos de artesanato espalhados por Pernambuco é trazida de Caruaru, pólo comercial do agreste pernambucano. Visitamos a famosa Feira de Caruaru e também o Alto do Moura, origem dos bonecos de barro dos mestres Vitalino, Galdino e Zé Caboclo, para citar os mais conhecidos.

Abaixo vai um cheirinho de Luiz Gonzaga pra colorir a postagem. Só para esclarecer, Januário era o pai de Gonzagão.


Respeita Januário
(Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira)

Quando eu voltei lá no sertão
Eu quis mangar de Januário
Com meu fole prateado
Só de baixo, cento e vinte, botão preto bem juntinho
Como nêgo empareado
Mas antes de fazer bonito de passagem por Granito
Foram logo me dizendo:
"De Itaboca à Rancharia, de Salgueiro à Bodocó, Januário é o maior!"
E foi aí que me falou meio zangado o véi Jacó:
Luiz respeita Januário
Luiz respeita Januário
Luiz, tu pode ser famoso, mas teu pai é mais tinhoso
E com ele ninguém vai, Luiz
Respeita os oito baixo do teu pai!

quarta-feira, 15 de julho de 2009

Elis, década de setenta

Estou em Curitiba, deitado na cama com o latop no colo e as luzes apagadas, vendo vídeos de música. Trouxe o DVD do programa Ensaio gravado com Elis Regina em 1973, para aliviar o tédio de ficar sozinho num quarto de hotel de uma cidade distante. Uma das coisas que mais me entretêm é observar que meus ídolos são gente como a gente, é descobrir suas pequenezas, suas baixezas, suas loucuras. Os discos da Elis sempre me inspiraram um respeito quase sagrado e inconscientemente me traziam a certeza de que ela tinha uns mil anos de existência. Mas assistindo ao vídeo eu me lembrei de que ela era uma menina. Aliás, uma menina antissocial que falava pra todo mundo o que dava na telha, que criou encrenca com um sem número de pessoas. Nunca ouvi ninguém falar bem dela, exceto musicalmente. Ela seria, assim, um Paulinho da Viola às avessas, em termos comportamentais. Por outro lado, quando cantava, o planeta desacelerava um pouquinho. A Elis foi um acontecimento, uma grande concentração de energia, um acúmulo de vários eventos estatisticamente improváveis.
Para mim, a década de 70, em especial o seu início, foi o momento mais profícuo de vários dos nossos maiores artistas, além da própria Elis: Baden Powell, Maria Bethânia, Paulinho da Viola, Chico Buarque, Tom Jobim, Milton Nascimento, Edu Lobo, Nana Caymmi - todos estavam produzindo no cerne da arte. A música dessa época era também cheia de símbolos e significados obscuros. Acho que a gente poderia ter ficado umas três décadas na década de setenta. Depois disso já não sei bem o que aconteceu, parece que ficamos espremendo um resto de suco pra tentar estender uma coisa que já tinha acontecido. Não tem problema, o importante é que agora temos o material e a referência.
Estão dizendo por aí uma coisa que me põe medo: que a era da canção tal como a conhecemos está acabando. Não sei muito bem o que isso significa, mas acho que querem dizer que as pessoas estão se desinteressando por aquela música amarradinha, de 3 a 5 minutos, com começo, meio e fim, refrão, letra e melodia, tudo misturado com um monte de sentimentos. Parece que sim. Mas o que vem depois? A música eletrônica, contínua, repetitiva? Acho que isso seria uma involução. A canção é muito mais rica em elementos, mais capaz de recriar experiências para o ouvinte do que a música eletrônica. Honestamente, não sei o que mais de diferente está acontecendo no mundo da música. Às vezes acho que não está acontecendo nada. Acho que é o momento de pararmos e prestarmos homenagem a tudo o que foi feito até agora. Que tal olharmos para trás para fazer um balanço do que foi deixado pra gente?
Para fechar, posto uma letra de música do Erasmo Carlos, gravada pela Nara Leão na década de setenta. Vale à pena conferir um vídeo desta música no seguinte endereço: http://www.youtube.com/watch?v=glIda5l3i1o

Meu Ego
Erasmo Carlos

Por favor, meu ego
Não dê força ao prego
Que nos põe contra a parede
Pra nos afogar de sede
Chove, chuva
Na sua boca, você não bebe
Há palavras, existem letras
Mas você não forma
As frases loucas
Que cultiva por aí
Fale pelos cotovelos
E pelos joelhos
Me critique sem razão
Se omitir não vale a pena
Mas não polua minha cultura
Não venha dividir
Comigo sua auto-censura
Me desencontre
Não me prostitua
Senão
Seremos mais uma carcaça
Em desgraça
Por aí

segunda-feira, 30 de março de 2009

Príncipe do Acre

Estou no Acre. O Acre é uma porção de terra boliviana que foi "anexada" pelo Brasil. Adoro essa palavra: "anexada". O que ela significa? Faz a gente pensar um pouco sobre o papel que nosso país exerce na América Latina (imperialista?). Aparentemente, o Brasil invadiu estas terras na corrida pela borracha e acabou lutando, dominando e se instalando por aqui, neste lugar que tantas vezes esquecemos que existe. Ouvi dizer que o governo enviou índios e nordestinos para cá compulsoriamente com fins de exploração e dominação. O povo daqui gosta de dizer que é o único Estado do país que lutou para ser brasileiro. Isso de fato criou uma forte imagem nacionalista no imaginário popular local.

João Donato nasceu aqui. Ele foi um ícone da Bossa Nova, apesar de suas composições extrapolarem a Bossa Nova, mas como de costume no nosso país, seu talento enquanto compositor é subestimado. Quem sabe um dia receba o devido reconhecimento. Ou não; neste caso ele fica como prêmio para nós, catadores de pérolas. E que pérolas! Vale à pena citar o disco "Me and my heart/Eu e meu coração" de Rosa Passos, lançado em 2001 nos EUA e 2003 no Brasil, que capta a essência do que significa a música de João Donato, ao menos para mim. A gravação se resume ao violão e voz de Rosa, e ao baixo paradisíaco e uma bem colocada percussão de boca de Paulo Paulelli. O contrabaixo de Paulelli é luxo só, e a afinidade estética com a emanação musical feminina de Rosa Passos é perfeita. O resultado do som é quente e doce. Um som de madeira e vento. Algo de floresta, que nos traz de volta ao Acre e João Donato, homenageado neste disco com apenas duas canções. Mas nem precisava de mais. Uma delas se chama "Surpresa", e é de co-autoria com Caetano Veloso. A letra é assim:

Surpresa
João Donato/Caetano Veloso

Que surpresa
Beleza

Luz acesa
Certeza

Que saudade
Verdade

Já chegou
Então
Vem cá.

A música de João Donato tem essa coisa muito especial de ser simples, de ter poucos acordes, harmonias básicas e melodias que ressoam na nossa cabeça por muito tempo depois da música ser ouvida. A letra ficou bem especial também, perfeita para a melodia que adorna. Essas qualidades encontramos também em Tom Jobim e em Cartola, para citar apenas dois. Falando nisso, ontem fui ao cinema assistir ao "Palavra Encantada", um documentário de Helena Solberg sobre a canção brasileira, com depoimentos de artistas diversos: Adriana Calcanhotto, Arnaldo Antunes, Luiz Tatit, José Miguel Wisnik, Chico Buarque, Maria Bethânia, Tom Zé, Lenine, Lirinha e outros. Fala-se sobre a relação da música e da poesia; o que diferencia uma letra de música de um poema. Algumas questões polêmicas são colocadas em xeque, como a suposta superioridade da poesia às letras de canções, posição em geral defendida pela classe literária. Letra de música não é poesia. No vídeo, Chico Buarque diz que não é mesmo, e nem tem a pretensão de ser. A mensagem do documentário quer desmentir que a poesia escrita seja superior à "poesia" cantada. A música dá às palavras uma nova dimensão, um novo significado, uma outra cor, de forma que sem a melodia, sem serem cantados, os versos não fazem sentido, ou fazem menos sentido. Tente ler uma letra de música como se fosse um poema. De forma geral isto não funciona. E nem precisa funcionar, pois este não é o objetivo; a música não foi feita para ser lida, mas cantada. O documentário até faz um paralelo bonito da canção brasileira com as trovas da Idade Média. Pode-se dizer que se trata de um caso de sinergismo, onde um mais um não são dois, mas três. A melodia sozinha tem seu valor, e os versos sozinhos têm seu valor, mas os versos cantados valem mais do que a soma de seus valores separados. Isto confere uma dimensão mística à canção, que é justamente a coisa que mais me intriga na música brasileira. Isto foi levado até as últimas consequências pelos compositores brasileiros do século XX.

Para encerrar, deixo mais uma de João Donato, só por diversão:

Nasci para Bailar
João Donato/Paulo André Barata

Atravessei sete montanhas pra chegar no mar
Porque nasci, nasci para bailar
Abri veredas e cancelas pra poder passar
Por que nasci, nasci para bailar
Danço bolero, danço samba, danço cha cha cha
Por que nasci, nasci para bailar
Rimo Raimundo com a virada desse mundo
Vou no raso, vou no fundo
Mas um dia eu chego lá
Rodo bandeira, dou pernada, dou rasteira
Toco surdo em frigideira, atabaque e ganzá
Por que nasci, nasci para bailar
Por que nasci, nasci para bailar...

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

Carente Profissional

A Marina Lima gravou um disco ótimo em 1993 - "O chamado". Aliás, a Marina deu muita bola dentro na carreira. Ela é uma cantora pop que sempre soube o que estava fazendo, e entendeu o sentido das coisas na música. É difícil ser pop sem ser brega, ridículo, ou superficial. Existe um jeito glamouroso e inteligente de ser pop. Isto acontece quando a música vem antes do "ser estrela". E quando o artista tem a música em primeiro lugar, e se torna uma estrela por aclamação popular, ele é eterno.
O tal disco que eu mencionava começa com uma música lado B do Cazuza, chamada "Carente Profissional". É uma música muito Cazuza, apesar de ser de co-autoria com Frejat. Quem mais diria: "Eu mereço ganhar pra ser carente profissional"? Aliás, esse verso me lembra aquela outra música:

"Eu tô pedindo a tua mão
E um pouquinho do braço(...)
Só um pouquinho de proteção
Ao maior abandonado"

Essa também é excelente. Bem, minha intenção inicial antes de começar a divagar era postar a letra da música que a Marina gravou, então lá vai:

Carente Profissional
(Frejat/Cazuza)

Tudo azul
No céu desbotado
E a alma lavada
Sem ter onde secar
Eu corro, eu berro
Nem dopante me dopa
A vida me endoida

Eu mereço um lugar ao sol
Mereço ganhar pra ser
Carente profissional

Se eu vou pra casa
Vai faltando um pedaço
Se eu fico, eu venço
Eu ganho pelo cansaço
Dois olhos verdes
Da cor da fumaça
E o veneno da raça

Eu mereço um lugar ao sol
Mereço ganhar pra ser
Carente profissional

Levando em frente
Um coração dependente
Viciado em amar errado
Crente que o que ele sente
É sagrado
E é tudo piada

Eu mereço um lugar ao sol
Mereço ganhar pra ser
Carente profissional
Carente...

Quem não é carente que jogue a primeira pedra!

sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Reza Braba

Seu Exú, venha cá
Me dizer como é que faz
Macumba, candomblé,
Simpatia e vudu.

Santa Clara, vem mostrar,
Me ensinar como se tira
Quebranto, mal olhado,
Olho gordo, amarração.

Seu Exú, você não pode
Contra o meu Oxóssi
Vela branca, vela preta
Sal e estrela de Davi.

Ave Maria, cruz credo,
Sai de mim, coisa ruim!
Dá três toques na madeira,
Beija a figa de marfim.

Pomba-gira, ave morta,
Preto Véio, assombração.
Rogo ao Santo: Me proteja,
Meu São Cosme e Damião!

Meu São Jorge, vê se afasta
Essa imagem do saci
Com o dedo no bozó,
Catando bizuí.