A corrupção é um comportamento humano. Em um país bem estruturado – assim como acontece (ou deveria acontecer) em uma empresa privada – as instituições precisam ser sólidas o suficiente para desconfiar da idoneidade humana e praticar alguma forma de punição cada vez que seja identificado um desvio de comportamento; mais especificamente, uma atitude em prol do indivíduo, mas em detrimento da coletividade. No Brasil, vemos continuamente inúmeros exemplos destes desvios de comportamento, que pululam nos jornais de forma suspeita em vésperas de eleições. E passam impunes em plena luz do dia, sob o olhar distraído (ou indiferente) de milhões de brasileiros.
A punição deve ser implacável, mas deve-se ser indiferente às intenções do punido. Julgar o caráter do delinquente é uma mania inútil. Todos somos delinquentes em potencial e a negação deste fato só corrobora o sentimento de culpa – o "pecado inicial", do qual não nos veremos livres jamais – que assola o imaginário brasileiro. Quiçá quebrando este paradigma estaremos preparados para conviver de forma mais harmoniosa e verdadeira.
"O Brasil não existe" – constatou inteligentemente Artur Nestrovski, jornalista, músico, e atual diretor artístico da OSESP. O país exaltado nos lindos sambas de Ary Barroso é uma promessa não cumprida. Um adolescente sambando e sorrindo em imensa ignorância.
Que tal tentar cumprir esta promessa?
quarta-feira, 29 de setembro de 2010
segunda-feira, 20 de setembro de 2010
Garoto de Aluguel
Zé Ramalho
Baby,
Dê-me seu dinheiro
Que eu quero viver
Dê-me seu relógio
Que eu quero saber
Quanto tempo falta
Para lhe esquecer
Quanto vale um homem
Para amar você
Minha profissão
É suja e vulgar
Quero um pagamento
Para me deitar
E junto com você
Estrangular meu riso
Dê-me seu amor
Que dele não preciso
Nossa relação
Acaba-se assim
Como um caramelo
Que chegasse ao fim
Na boca vermelha
De uma dama louca
Pague meu dinheiro
E vista sua roupa
Deixe a porta aberta
Quando for saindo
Você vai chorando
E eu fico sorrindo
Conte pras amigas
Que tudo foi mal
Nada me preocupa
De um marginal
Baby,
Dê-me seu dinheiro
Que eu quero viver
Dê-me seu relógio
Que eu quero saber
Quanto tempo falta
Para lhe esquecer
Quanto vale um homem
Para amar você
Minha profissão
É suja e vulgar
Quero um pagamento
Para me deitar
E junto com você
Estrangular meu riso
Dê-me seu amor
Que dele não preciso
Nossa relação
Acaba-se assim
Como um caramelo
Que chegasse ao fim
Na boca vermelha
De uma dama louca
Pague meu dinheiro
E vista sua roupa
Deixe a porta aberta
Quando for saindo
Você vai chorando
E eu fico sorrindo
Conte pras amigas
Que tudo foi mal
Nada me preocupa
De um marginal
sábado, 4 de setembro de 2010
Revirando o Baú (I)
Cinco Léguas
Andei,
andei sem rumo.
Caminhei —
caminhei entre um espaço
de cinco segundos,
cinco léguas,
cinco dias.
Meus passos suplicavam pela dianteira
e se adiantavam.
Virei à esquerda
(e continuei virando,
num espaço de cinco palmos)
E vi, então, o telefone
de vários ângulos,
de vários olhos.
Liguei.
O telefone berrou ao meu ouvido
contando-me que ninguém estava
(isso ele me contou
em um espaço de um quilômetro)
Sentei no chão,
e guardei em minha pasta arquivos:
documentos, boletos, pagamentos, depósitos, impostos...
Saí com meus pés.
Andei,
andei sem rumo.
O horizonte sussurrou aos meus olhos:
Um Sol lilás, um dia verde...
Um dia,
uma légua,
um passo,
um palmo,
um segundo...
(todos guardados em meu bolso)
***
Esses dias resolvi mexer em cadernos antigos e encontrei algumas coisas que achei bem legais. Este poema escrevi em abril de 1998, com 14 anos! Agoro me arrependo de ter simplesmente parado de escrever e desenhar com esta idade. Mas, como diz aquele provérbio, nunca é tarde pra recomeçar.
Andei,
andei sem rumo.
Caminhei —
caminhei entre um espaço
de cinco segundos,
cinco léguas,
cinco dias.
Meus passos suplicavam pela dianteira
e se adiantavam.
Virei à esquerda
(e continuei virando,
num espaço de cinco palmos)
E vi, então, o telefone
de vários ângulos,
de vários olhos.
Liguei.
O telefone berrou ao meu ouvido
contando-me que ninguém estava
(isso ele me contou
em um espaço de um quilômetro)
Sentei no chão,
e guardei em minha pasta arquivos:
documentos, boletos, pagamentos, depósitos, impostos...
Saí com meus pés.
Andei,
andei sem rumo.
O horizonte sussurrou aos meus olhos:
Um Sol lilás, um dia verde...
Um dia,
uma légua,
um passo,
um palmo,
um segundo...
(todos guardados em meu bolso)
***
Esses dias resolvi mexer em cadernos antigos e encontrei algumas coisas que achei bem legais. Este poema escrevi em abril de 1998, com 14 anos! Agoro me arrependo de ter simplesmente parado de escrever e desenhar com esta idade. Mas, como diz aquele provérbio, nunca é tarde pra recomeçar.
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