Qual é o problema comigo? É a terceira vez que venho pra Rio Branco e só ontem fui ter a iluminada ideia de comer peixe por aqui. Agora, obviamente, não me perdoo por ter insistido tanto em vaca e frango em plena Amazônia. Ainda mais sendo minha família inteira amazônica.
Na última vez em que estive aqui, postei no blog alguns pensamentos sobre o ambiente geopolítico da região, e lembrei que João Donato é acreano. Desta vez, a trilha sonora da viagem é Joni Mitchel, e meu livro de cabeceira é a biografia do Tim Maia. Acho que por isso estou me sentindo um pouco americanizado.
Mesmo me sentindo assim, cosmopolita, cabeça-aberta, English speaker, viajado e viajante, cada vez mais percebo que é nas cidades pequenas que me sinto mais à vontade. Não nasci na cidade de São Paulo, sou do interior do Estado. E parece que interior é mesmo a minha palavra. Pense em Clarice Lispector: interior ou exterior? Apesar de ter lido apenas um livro de Clarisse, me sinto lispectoriano. Um menino do interior.
Acabo de ser descoberto aqui no hotel. Liguei no restaurante para pedir minha sobremesa (a mesma que comi nos últimos dois dias, neste mesmíssimo quarto), mas a moça insistia: “Nunca servimos sorvete no hotel, senhora”. Fiquei duplamente perplexo. Eu respondi em entonação grave: “Senhor. Eu tomei um sorvete de maracujá ontem e um de chocolate anteontem”. E ela repetia: “Não temos sorvete, senhora. Só temos mousse”. E assim o diálogo se repetiu algumas vezes, até que desisti e pedi que viesse a mousse mesmo. Desliguei o telefone me dobrando de rir e ainda sem entender nada. Ela bateu na porta do quarto e me entregou a sobremesa, dizendo “Viu? É mousse!” e saiu rindo também. Como podia essa pessoa saber tanto de mim?
Mistérios à parte, peço licença pra saborear minha moqueca de filhote. Ou “muqueca”, como veio na nota que assinei. E depois, minha mousse de limão!
Um comentário:
Hahahaha irmaozinho adoreeeeei a história do sorvete pra senhora. Beijo toh com saudades
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