Almas iridescentes
Eu não entendo
aqueles jovens
comendo lâmpadas como indigentes
cuspindo pétalas incandescentes
inconscientes pelas calçadas
Eu não entendo
esses rapazes
partindo lâmpadas fluorescentes
sobre as cabeças de tanta gente
inutilmente manifestada
Eu não entendo
as crianças violentas
pervertidas pela raiva
delinquentes,
transviadas
Eu não entendo
as crianças-violeta
coloridas, disfarçadas
caindo estúpidas
na calçada
Eu não entendo
essas almas iridescentes
se desprendendo pelas bocas
de crianças doces
martirizadas
Eu não entendo
essas pilhérias indecentes
de adolescentes que
no espelho
são a mesma imagem
duplicada
****
Hoje de manhã, chegando no trabalho, eu vomitei essas palavras. Agora que as vejo na tela do computador, sujando outro lugar, me sinto melhor. Lembranças da Rosa de Hiroshima. E do Brejo da Cruz.
Um comentário:
ei zé , teus textos ficam cada vez mais fortes , densos e com cara de quem "nasceu pra escrever"... Vai fundo josé que levas jeito. Ainda quero poder cantar teus versos (experimenta juntar o violão com tuas palavras)!Pensando em uma das coisas que o Marcio Borges ( tinhas razão, estou amando o livro) "filosofou" : a gente nunca tem idéia do quanto pode representar no futuro o que fazemos tão ingenua e impulsivamente no presente.
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